O Farol de Alexandria, também conhecido como Pharos de Alexandria, foi uma das mais extraordinárias realizações da engenharia na Antiguidade. Construído entre 280 e 247 a.C. na pequena ilha de Pharos, ao largo da costa de Alexandria, Egito, este colossal farol foi projetado para guiar os marinheiros seguros ao movimentado porto de Alexandria, uma das cidades mais importantes e vibrantes do mundo antigo.
Contexto Histórico e Geográfico
Alexandria, fundada por Alexandre o Grande em 331 a.C., rapidamente se tornou um centro de aprendizado e comércio no Mediterrâneo. A cidade estava estrategicamente localizada na costa norte do Egito, na confluência de diversas rotas comerciais que conectavam a Europa, a África e a Ásia. A necessidade de um guia confiável para os marinheiros era evidente devido aos perigosos recifes e bancos de areia que circundavam o porto.
Concepção e Construção
Após a morte de Alexandre, seu império foi dividido entre seus generais. Ptolemeu I Sóter, que tomou controle do Egito, foi responsável pela construção do farol. O projeto foi continuado por seu filho, Ptolemeu II Filadelfo. O arquiteto grego Sostratos de Cnido é geralmente creditado como o projetista do Farol de Alexandria, embora os detalhes precisos de sua participação permaneçam obscuros.
A construção do farol levou aproximadamente 20 anos. Sostratos enfrentou o desafio de construir em uma ilha, o que significava que os materiais de construção tinham que ser transportados por barco. As pedras foram extraídas de pedreiras próximas, e acredita-se que mármore e granito também tenham sido utilizados.
Estrutura e Arquitetura
O Farol de Alexandria era uma estrutura de três níveis, com uma altura total estimada entre 100 e 130 metros, tornando-o uma das estruturas mais altas do mundo na época. A base era quadrada, com aproximadamente 30 metros de cada lado. Sobre esta base havia uma seção octogonal e, no topo, uma seção cilíndrica que abrigava o fogo que guiava os navios.
Base Quadrada: A base era sólida e robusta, proporcionando estabilidade à estrutura. Continha aposentos para os trabalhadores e armazéns.
Secção Octogonal: Esta seção tinha aberturas e varandas, permitindo que a luz do farol fosse visível de diferentes ângulos.
Seção Cilíndrica: No topo da seção octogonal, a torre cilíndrica era coroada com uma estátua, geralmente identificada como Zeus ou Poseidon. No interior desta seção, uma rampa em espiral permitia que combustível fosse levado até o topo.
Tecnologia e Funcionamento
O farol utilizava uma combinação de fogo e espelhos de bronze polido para projetar sua luz. Durante o dia, espelhos refletiam a luz solar, enquanto à noite um grande fogo era aceso para guiar os navios. Relatos antigos sugerem que a luz do farol podia ser vista a até 50 quilômetros de distância. A manutenção do farol era um trabalho constante, exigindo uma equipe de trabalhadores para garantir que o fogo permanecesse aceso e os espelhos fossem limpos e ajustados.
Declínio e Legado
O Farol de Alexandria resistiu por muitos séculos, mas foi seriamente danificado por uma série de terremotos entre 956 e 1323 d.C. Após o último grande terremoto, a estrutura foi reduzida a ruínas. Em 1480, o sultão mameluco Qaitbay utilizou pedras dos restos do farol para construir uma fortaleza no mesmo local.
Hoje, o legado do Farol de Alexandria perdura. Ele não apenas simboliza a engenhosidade e a habilidade dos antigos engenheiros e arquitetos, mas também representa a importância de Alexandria como um farol de conhecimento e comércio. O farol influenciou a construção de torres de sinalização e faróis em todo o Mediterrâneo e além, e permanece um dos mais icônicos exemplos da arquitetura helenística.
Descobertas Arqueológicas
No final do século XX, arqueólogos submarinos descobriram partes submersas do farol no fundo do porto oriental de Alexandria. Essas descobertas incluíram blocos de granito e outros elementos arquitetônicos que ajudaram a confirmar a localização e a aparência do farol. Hoje, o local é uma área protegida e um testemunho silencioso de uma das maiores maravilhas do mundo antigo.
Conclusão
O Farol de Alexandria foi uma das maiores maravilhas da engenharia do mundo antigo, combinando arquitetura monumental com tecnologia avançada. Embora tenha sido destruído por forças naturais, seu legado como um símbolo de orientação e segurança para os navegadores perdura até hoje. Ele continua a fascinar historiadores, arqueólogos e turistas, sendo um testemunho duradouro da engenhosidade humana e da grandiosidade da civilização helenística.