A Guerra Franco-Prussiana, travada entre 1870 e 1871, foi um conflito decisivo que remodelou o mapa da Europa e teve profundas implicações militares e políticas. A guerra opôs o Segundo Império Francês, liderado por Napoleão III, ao Reino da Prússia, liderado pelo chanceler Otto von Bismarck, com a Prússia liderando uma coalizão de estados alemães.
A origem do conflito pode ser rastreada até as ambições de Bismarck de unificar os estados alemães sob a liderança prussiana e as tentativas francesas de conter a crescente influência prussiana. A guerra foi precipitada pela candidatura de um príncipe prussiano ao trono espanhol, que a França viu como uma ameaça. A publicação da “Despacho de Ems”, manipulada por Bismarck para inflamar a opinião pública, levou à declaração de guerra da França à Prússia em 19 de julho de 1870.
Militarmente, a Guerra Franco-Prussiana foi marcada pela superioridade prussiana em termos de organização, logística e tecnologia. As forças prussianas, utilizando ferrovias para rápida mobilização e comunicação, conseguiram concentrar tropas rapidamente na fronteira franco-alemã. Além disso, a Prússia empregou artilharia moderna, incluindo o canhão Krupp de aço, que se mostrou decisivo em várias batalhas.
As primeiras grandes batalhas, como a Batalha de Wissembourg e a Batalha de Sedan, resultaram em derrotas devastadoras para os franceses. Na Batalha de Sedan, em 1º de setembro de 1870, o próprio Napoleão III foi capturado, o que levou ao colapso do Segundo Império e à proclamação da Terceira República na França.
Após a captura de Napoleão III, a guerra continuou com a França reorganizando suas forças sob o governo republicano. No entanto, os prussianos cercaram Paris, iniciando um longo e duro cerco que durou até janeiro de 1871. A resistência francesa foi heroica, mas insuficiente diante da superioridade prussiana. O Tratado de Frankfurt, assinado em 10 de maio de 1871, encerrou oficialmente o conflito, com a França cedendo as regiões da Alsácia e Lorena à Alemanha e pagando uma pesada indenização de guerra.
A vitória prussiana teve consequências profundas. Ela levou à unificação da Alemanha sob a liderança prussiana, com o rei Guilherme I sendo proclamado Imperador do novo Império Alemão no Salão dos Espelhos do Palácio de Versalhes, em 18 de janeiro de 1871. Isso alterou drasticamente o equilíbrio de poder na Europa, estabelecendo a Alemanha como uma potência dominante.
Militarmente, a Guerra Franco-Prussiana destacou a importância da mobilização rápida, da superioridade logística e do uso de tecnologia avançada no campo de batalha. As lições aprendidas influenciaram a doutrina militar nas décadas seguintes e prenunciaram os conflitos que viriam no século XX.
A guerra também deixou um legado de ressentimento e revanchismo na França, que procurou recuperar a Alsácia e Lorena, contribuindo para as tensões que levariam à Primeira Guerra Mundial. A ascensão do Império Alemão e a queda do Segundo Império Francês foram eventos fundamentais que moldaram a história europeia subsequente.